domingo, 24 de maio de 2015

GLOBO REPÓRTER INVESTIGA DOENÇA QUE ATINGE MILHÕES DE BRASILEIROS: A ALERGIA

Destacamos algumas perguntas e respostas relacionadas a Alergia a Proteína do Leite de Vaca!!

Dra. Fátima Emerson é coordenadora da Comissão de Assuntos comunitários da ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e imunologia) e do Dr. José Luiz de Magalhães Rios é coordenador da Clínica de Alergia – Policlínica Geral do Rio de Janeiro.

Gostaria de saber a diferença entre alergia e intolerância. É a mesma coisa?

Não, Cristina. Alergia e intolerância não são a mesma coisa.

Alergia é uma reação imunológica contra uma substância à qual o indivíduo é sensível e pode causar reações variadas e graves. Já a intolerância é decorrente de uma dificuldade do organismo de assimilar determinado alimento ou medicamento, acarretando reações. Por exemplo, nos casos de intolerância ao leite, o organismo tem uma incapacidade de digerir a lactose, que é o açúcar do leite. Já na alergia ao leite, há um processo imunológico contra as proteínas do leite.

Os sintomas da intolerância são restritos ao trato digestivo (diarreia, prisão de ventre, dor, etc.), enquanto na alergia os sintomas podem acometer diversos órgãos e sistemas, como: pele, trato digestivo, respiratório, etc. É importante ter a certeza do diagnóstico para poder orientar o tratamento que é bastante diferente em cada caso

Minha filha tem alergia à proteína do leite. Isso passa?

Rosilene, a alergia à proteína do leite de vaca pode diminuir e até desaparecer com a idade. Mas, uma pequena parcela de pacientes permanece com sintomas até a idade adulta. Por isso, é importante que o tratamento seja orientado pelo médico especialista em alergia

Tenho uma bebê de cinco meses e os médicos suspeitam que ela é APLV. No entanto, esse diagnóstico se baseia em observação. Existe algum exame que seja seguro e possa ser feito em bebês? APLV tem cura? Que tipo de tratamento pode ser feito?

Sandra, o diagnóstico da alergia a proteína do leite de vaca é clínico, podendo ser confirmado através de testes cutâneos ou no sangue, através da dosagem da IgE específica para o leite de vaca e para as proteínas.

Existem duas formas principais de APLV. A mais grave, e mais rara, é aquela em que a criança ao ingerir leite ou derivados apresenta crise de urticária (manchas na pele), edema (inchação) e sintomas respiratórios (falta de ar, coriza, etc.). Nessa forma, as reações imunológicas são mediadas pela IgE, que é uma classe de anticorpos típica das reações alérgicas e, por isso, essa reação é chamada IgE- mediada. Essa forma de APLV apresenta testes positivos para o leite e exame de sangue positivo para as proteínas do leite (dosagem da IgE específica para as proteínas do leite).

A outra forma de APLV é a mais comum e se manifesta apenas por problemas digestivos, como cólicas, vômitos e diarréia, às vezes até com sangue nas fezes. Essa forma de reação não é mediada por IgE e por isso nem os testes alérgicos e nem os exames de sangue são positivos. Por isso o diagnóstico de APLV é clínico.

A maior parte das crianças com APLV evolui espontaneamente para a cura entre os 3 e os 5 anos de idade. O tratamento, portanto, é fazer dieta de leite e derivados, para evitar as reações e permitir que o organismo vá desenvolvendo tolerância. Em crianças pequenas, o leite precisa ser substituído por outro, para manter a alimentação do bebê. É um trabalho complexo que deve ser feito pelo médico especialista, com apoio de nutricionista.

Tenho um filho de 4 anos diagnosticado com alergia alimentar a leite e soja. Já fizemos inúmeros exames e testes alérgicos e em nenhum deles deu positivo. Por que isso acontece?

Roberta, existem duas formas principais de alergia alimentar. A mais grave, e mais rara, é aquela em que a criança ao ingerir o alimento ou seus derivados apresenta cirse de urticária (manchas na pele), edema (inchação) e sintomas respiratórios (falta de ar, coriza, etc.). Nessa forma, as reações imunológicas são mediadas pela IgE, que é uma classe de anticorpos típica das reações alérgicas e, por isso, essa reação é chamada IgE- mediada. Essa forma de alergia alimentar apresenta testes positivos para o alimento (no caso, leite ou soja) e exame de sangue também positivo (dosagem da IgE específica para o alimento suspeito).

A outra forma de alergia alimentar é a mais comum e se manifesta apenas por problemas digestivos, como cólicas, vômitos e diarréia, às vezes até com sangue nas fezes. Essa forma de reação não é mediada por IgE e por isso nem os testes alérgicos e nem os exames de sangue são positivos. Essa forma de alergia deve ser a do seu filho. É menos grave e tem mais chance de desaparecer com a idade. A forma de comprovar é por dieta de exclusão do alimento, para ver se melhora dos sintomas, e depois de algumas semanas, a re-exposição ao alimento, para ver se os sintomas voltam. Este procedimento é importante para confirmação, mas só deve ser feito com acompanhamento médico.

FONTE: Globo Repórter - 22/05/2015